quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Kubrick de olhos bem abertos

Numa recente discussão com um amigo, não fui capaz de me expressar da melhor forma em relação à minha admiração pelo filme “De olhos bem fechados”, o último do realizador Stanley Kubrick. Bem sei que não se compara a Laranja Mecânica, Nascido para Matar ou ao mítico 2001: Odisseia no Espaço, mas ainda assim conquistou-me sobretudo por um conjunto de cenas extremamente bem filmadas, tanto do ponto de vista da fotografia, dos tempos, da música e de toda a envolvência e intensidade, sobretudo a cena do ritual orgíaco na mansão em Long Island (mostrada no vídeo em baixo), que revela toda a inteligência, génio e maturidade do realizador.

Apesar do enredo simples, o filme trata de sentimentos ambíguos e incómodos à sociedade, que talvez a literatura consiga retratar com mais profundidade. Mas no fundo, o objetivo de Kubrick é claro e bem conseguido, fazer a história navegar entre o plano do consciente e do sonho, mostrando o conflito freudiano clássico entre os nossos instintos e os limites impostos pela sociedade. Talvez o único erro de Kubrick foi ter confiado demais nas estrelas (Tom Cruise e Nicole Kidman), em vez de investir mais nas subtilezas dos personagens. Ainda assim, nego por completo o rótulo de “o último erro de Kubrick” em relação ao seu último filme. Pode não ser genial, mas não deixa de ter a qualidade extraordinária que este mestre do cinema sempre nos mostrou (e além disso, mete muita gaja boa)


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

coices de rabo de vaca

Albano, dada a sua competência, ficou com o arado, que exigia força e controlo. E que ingrata missão a sua, sujeita a tamanha força de braços e domínio astuto sobre o utensílio que tanto depende da dureza e irregularidade da terra, como do próprio movimento inconstante das vacas que, por mais bem dominadas que sejam, não deixavam de ser animais irracionais. Mas a tirania maior da sua tarefa estava mesmo na irracionalidade dos animais que, ao bambolearem a sua cauda, talvez para sacudir as moscas ou mesmo para punirem o intrometido, lhe acertavam com força no corpo. O pobre Albano, além de se esfalfar com a difícil condução do veículo agrícola, ainda era brindado com uns coices de rabo de vaca, a que o Fausto chamava de abre olhos. A grande tirania é que Deus fez as vacas com as caudas apostas ao ânus. Ora, ficando as caudas imundas em merda, alguma mais seca e pesada que sobrava de resquícios anteriores, outra ainda morna da evacuação mais recente, imagine-se a brutalidade que é levar-se com uma pancada excrementícia daquelas na tromba enquanto se empurram vinte quilos de ferro pela terra fora.
E, nem de propósito, foi logo a meio do segundo rego que uma das vacas se lembrou de pôr em ação a sua investida mais baixa e acertou na cabeça do rapaz. A sorte foi que ele vinha com ela abaixada e a cauda lhe acertou de raspão, o que ainda assim não deixou de ser uma grande irritação para Albano, sobretudo depois de ouvir a gargalhada jocosa do irmão.
Mas não foi isso que desencorajou o rapaz, e o arado continuou a bulir, rasgando a terra para as batatas que haveriam de vir. A ti Maria e a ti Jesuína vinham abaixadas sobre os costados pé ante pé, a colocar as batatas a distâncias de dois pés, já imunes à dor do arqueio das costas. O João Tolo e a Coelha vinham lado a lado como que a disputar uma corrida, tapando os regos com a enxada e empurrando a terra ágil e subtilmente.
O sol não dava tréguas e nem as poucas nuvens que pairavam no céu se atreviam a fazer-lhe frente e a atenuar um pouco aquele calor sufocante. Nem uma brisa corria para incentivar os trabalhadores, que se sentiam cada vez mais parte da terra, como se se preparassem para derreter e ficarem ali debaixo dela junto com as batatas. Mas o trabalho ensinara-lhes a resistir a tudo e o sacrifício era inerente às suas vidas, fazia parte do seu quotidiano e, como dizia o Avô Albano, havia alguns que já não podiam viver sem ele.
O terreno parecia não acabar. Quando se começavam os regos de cima, parecia não se ver o fim, perdido na indefinição que o calor abrasador impunha ao horizonte. Mesmo as vacas pareciam cansadas de tanto andarem abaixo e acima, num frete interminável, que até lhes tirava as forças para atacar o opressor com a sua cauda perigosa.
- Quantos regos temos de batatas? – vociferava a ti Maria para a Coelha, a quem incumbira de contar.
- Eu contei cinquenta e dois.
- Está bom. Tapem os que faltem e vamos passar para o milho.
O sol foi descendo vagarosamente e terminaram o trabalho já em cima do crepúsculo. Era quase como as doses do escoado da ti Maria, eram sempre certinhas. A comida acabava quando a fome se extinguia e o trabalho concluía-se mesmo quando o sol se punha. É mais uma mostra da sabedoria campestre, que trabalha mais com o instinto do que com os livros, mas que não deixa de ser tão exata quanto a outra.
Albano sentia os braços e as pernas tremerem-lhe involuntariamente, tinha os farrapos a que chamava roupa imundos de terra e a cara escura do sol, do pó e dos restos de esterco. Era o retrato mais visível da violência a que os corpos eram sujeitos para o sustento da família. Retrato não só de uma família ou de uma região, mas de um país que, em plena segunda metade do século XX, ainda vivia agarrado à terra e dependente das duas mãos que trazia agarradas ao corpo para desbravá-la com ferramentas rudimentares da Idade do Ferro. Mas valia-lhes a honra de um país com uma história e passado gloriosos e a grande respeitabilidade da Presidência do Conselho, que tinha uma visão extraordinária de enriquecimento do país, que consistia na magnífica ideia de tirar aos vivos aquilo que eles precisavam para viver, porque só assim se constrói um grande património, passando fome e privação, em prol de um objetivo maior.
Valia-lhes acima de tudo a fé em Deus, que tudo vencia e tudo fazia esquecer. O corpo estava pobre e fraco mas a alma envolta numa riqueza inesgotável e assegurada pela vida eterna. E assim se ia vencendo a fome e as enfermidades, com a esperança num futuro melhor, até porque pior era difícil.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nelson Mandela

Quando uma personalidade tão importante para o mundo é assim tão estimada, torna-se difícil abrir Mandela...

(www.facebook.com/MakoMau)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Rolling forever

Rolling Stone, considerada uma das melhores músicas de sempre, do grande Bob Dylan foi agora brindada com um videoclip muito interessante e extraordinariamente criativo. Não podia ser uma combinação mais perfeita de música, vídeo e interactividade.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O bilhete

A partir de hoje vou lançar uma série de pequenos excertos de uma história que me estou a atrever a escrever. São pequenas passagens, que podem ou não ter ligação entre elas, e que falam de determinado episódio ou personagem ou alguma situação que ache interessante.


O BILHETE

O bilhete pousado sobre a mesa tirou-lhe a boa disposição que o acompanhava desde a escola. Fausto José trazia resquícios de sorrisos matreiros depois de se ter despedido de Rosinda, com uma surripiada apalpadela no rabo que fez a pequena corar de vergonha, ainda que não conseguisse esconder a contorcida satisfação.

"Há broa no armário. Come e vem ter ao Lameiro"

A primeira frase agradou-o, a segunda nem tanto. Tinha combinado ir armar costelos com o Zé Fernando, tratado entre os amigos por Safarriã, brilhante alcunha atribuída nunca se chegou a saber por quem, mas que tinha pleno significado na desconstrução nominal que deslindava o tríplice frásico francês Saint fait rien, dada a sua excelente apetência para a prática da mandriagem ou, se quisermos ser menos incriminatórios, para a escapatória aos deveres caseiros. Apesar de ter previsto uma tarde profícua na captura de tordos e piscos com o seu primo e amigo Safarriã, tinha encontrado o bilhete em cima da mesa que alterava todos os seus planos. O bilhete era soberano. Sabia as consequências que a desobediência à autoridade daquele pedaço de papel rasgado trariam à compleição do seu rabo. (E nada como começar uma boa história com a repetição da palavra rabo). É que, de fato, não seria a primeira nem a segunda vez que o rabo de Fausto José seria massacrado pela colher de pau ou pela mão pesada da ti Maria, caso não cumprisse as ordens estipuladas pelas letras tremidas devido à força da enxada mas garrafais para não passarem despercebidas. Alegar que não tinha visto o papel não era definitivamente uma boa ideia, já havia tentado em vezes anteriores, mas apenas numa ou outra ocasião, quando a ti Maria viera bem-disposta pela qualidade das batatas, lindas e graúdas, ou quando enchera todos os sacos de pinhas pensando que apenas conseguiria encher metade, é que se escapara à austeridade da madeira da colher.
Apesar das diversas justificações que apresentara, raramente era levado a sério e considerado inocente. Mas não se lhe podia menosprezar a imaginação: ou era porque tinham deixado a porta entreaberta e o bilhete tinha sido levado por uma corrente de ar, ou porque estava atrás da fruteira e ele não o tinha visto, ou porque já tinha combinado ajudar o Safarriã numa qualquer tarefa e não tinha sequer vindo a casa, ou tinha apanhado o Cipriano Batalha no caminho que o obrigara a acompanhá-lo à tasca do Cardoso. Mesmo que tivesse razão, o que era raro, apanhava na mesma, até porque umas açoitadas no lombo só lhe eram benéficas, enrijavam-lhe o corpo e a mente.
A broa, cozida no forno nessa manhã, ainda a sentia quente, embrulhada no pano grosso de cozinha, e, quando lhe barrou a margarina por cima, viu-a amolecer-se passado uns instantes na massa fofa e apetitosa. Não havia nada melhor no mundo do que a broa quente da ti Maria e, só por isso, sabia que não podia faltar à obrigação que o esperava no Lameiro. Era quase uma heresia se o fizesse. Era como terminar um pai-nosso pedindo pelo pão nosso de cada dia, sem ter a decência de acabar a oração pedindo perdão pelas ofensas nem perdoando os que nos ofenderam. Mesmo de tenra idade, Fausto José já sabia a importância que a sua ajuda e dos seus irmãos tinha na geração do pão de cada dia, porque sem trabalho, sem as mãos sujas da terra, sem o peso da enxada às costas e as gretas do ancinho nas mãos, não havia pão, assim ia rezando diariamente o mesmo fado a ti Maria.


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Anos de bailado e natação


Hoje apetece-me deixar este trabalho dos Mundo Cão pelos seguintes motivos:

  • A letra da música é de um dos mais talentosos escritores portugueses da actualidade e que eu aprecio imenso: Valter Hugo Mãe
  • Gosto do Pedro Laginha, tão simples quanto isso
  • Gosto do Albano Jerónimo, e não é só por causa do nome, acho-o mesmo um bom actor e este papel assenta-lhe muito bem (além disso, o penteado é espetacular)
  • A música é fácil de se gostar, entra no ouvido e hoje apetece-me uma ladainha gira que fique na cabeça.


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

um conselho

Nunca confiem em ninguém que seja indiferente à arte. 
Nunca vos poderá fazer feliz. 
Não pode por definição ter nada para contar.

(retirado de obomsacana.blogspot.pt)

Vídeo de segurança Virgin America


Prometo que se na minha próxima viagem de avião o vídeo de segurança for deste género, 
eu presto toda a atenção.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

carta de amizade

Porque raramente ouço falar em cartas de amizade, ao contrário das cartas de amor que ganharam todo o protagonismo em termos de demonstrações sentimentais entre dois indivíduos, vou inverter essa tendência e escrever uma carta de amizade. Vou por isso falar sobre amizade. Vou armar-me em grande pensador, intelectual, pessoa de uma experiência de vida riquíssima que tem sábias palavras a dizer. Mas só armar-me, porque não tenho o mínimo de credibilidade para falar de um assunto tão delicado e complexo, até porque começo logo por não saber definir bem o conceito de amizade, se é um sentimento, uma relação, um estado de espírito, ou o que seja. Mas posso considerar-me o especialista para falar no sentimento que nutro pelos meus amigos, especialmente por um em particular, que hoje faz anos e a quem dedico inteiramente esta pequena demonstração do meu afecto. 
Ele faz parte daqueles amigos que se podem contar com os dedos duma mão. E atente-se que uma mão não tem assim tantos dedos (perdoem-me os manetas [nada como um pouquinho de humor negro para avivar uma carta de amizade]). E quero cingir-me em especial a um factor-chave da minha amizade por este senhor que é a admiração. Porque, mais do que gostar de uma pessoa pela afeição ou entendimento que se tem por ela, admirá-la é o que mais me eleva enquanto pessoa. E porquê? Porque me faz querer ser melhor, porque me faz querer ganhar também a admiração do outro, surpreendê-lo, e isso obriga-me a trabalhar para ser mais dinâmico, mais criativo, mais culto, mais humano, mais amigo. 
E é por isso que eu me considero um gajo sortudo por ter tido a oportunidade de conhecer este amigo e de ter vivido com ele momentos que não esquecerei. E a amizade, este tipo de amizade é isto mesmo, é o querer incessantemente continuar a viver esses momentos e querer incessantemente crescer como pessoa.
E por isso eu te agradeço, caríssimo amigo.
E já agora, Parabéns!

Com amizade,
João

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Dois cães por apartamento


O Governo quer limitar o número de dois cães por apartamento. 
Então e o cavalo do pai, a égua da mãe, a porca da irmã, a cabra da tia e o burro do avô? 
Desses ninguém fala.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Frase da semana

Não esmoreças, nem desistas. Trabalha duro!
Pensa nos milhares de pessoas que vivem do rendimento mínimo, sem trabalhar, sem pagar IRS, sem aturar chefes e patrões, sem horas de levantar, sem medo de perder o emprego... eles dependem de ti!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

sociedade

"A loucura, quando dá a um grande número de pessoas, chama-se sociedade contemporânea. Quando dá a uma pessoa só, interna-se essa pessoa" 

Afonso Cruz, em Jesus Cristo bebia cerveja

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Telekinetic Coffee Shop Surprise


Isto de assustar as pessoas que só querem beber um cafézinho é má fé!
Mas está qualquer coisa! 
Only in America

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Futebol de causas


Quando o futebol assume uma posição política, e sobretudo social, em prol dos interesses de uma comunidade, passa a fazer sentido para todos, mesmo para os menos interessados na modalidade. É ultrajante que um clube com o peso e a história da Académica se tenha desligado tanto das suas raízes e passe a ser visto como um clube igual aos outros.
A conquista da Taça de Portugal há dois anos foi, sem dúvida, um dia de celebração muito vivido pelas gentes de Coimbra e por um grande número de estudantes. Mas foi um entusiasmo efémero, que rapidamente perdeu fôlego, e os estudantes vêem cada vez mais distante a relação com o clube, como mostram bem as imensas cadeiras vazias do estádio.
Como se inverte a situação? Não inverte. O futebol ganhou contornos desligados do seu enraizamento e o seu impacto económico atingiu dimensões que ultrapassam qualquer pretensão cívica. E vemos assim equipas formadas maioritariamente por jogadores estrangeiros, alheios à história do clube e da cidade, que correm impelidos pela cor do dinheiro, e, como sabemos, essa corrida não tem a mesma garra, a mesma chama, a mesma alma.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Arcade Fire



As 3 canções apresentadas neste interessante minidocumentário revelam o seu lado mais extravagante, uma vontade de explorar novos caminhos e, acima de tudo, diversão, muita diversão a fazer aquilo que mais gostam e melhor sabem.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

persistir

Espero. Aguardo. Exaspero. E ele não vem, esse tão desejado rasgo que me arranque deste estado de letargia e amargura.
As próprias teclas que vão escrevendo estas linhas afundam-se ressequidamente como valas escavadas por mãos fracas e cansadas.
Neste quase quarto de século que sou gente, nada fiz que me fizesse verdadeiramente ser. Um canudo na mão é tão louvável como um pássaro que faz o seu ninho - uma inevitabilidade.
O que se segue?
Um trabalho que me dê futilidades ilusórias e me faça esquecer por momentos que sou menos miseráveis do que realmente sou?
Não, o ser não se pode resumir a isto. A revolta corrói-me por dentro de pensar que sejamos apenas terra gerada de terra cuja terra voltará para reclamar.
O homem bem vai fazendo o que pode para se desprender das amarras da terra, inventando os seus deuses e bonecos mais ou menos divinos que prometem aquilo que quer ouvir: o éden para os fiéis, todos os tipos de horror para os restantes; sofram agora, vivam graciosamente depois.
Há ainda os que aceitam desde cedo a terra como destino final do ser e se contentam com a herança genética que hão-de deixar.
No fundo, a transcendência é o que nos move; senão a todos, pelo menos aqueles que como eu se questionam sobre a validade da existência.
O desejo de perdurar, de deixar algo que nos eternize.
De persistir na memória dos que ficam por um feito maior que nós próprios.
É essa a maior prenda que os deuses podem oferecer, mas as prendas são poucas e os candidatos demasiados.


Mas porquê?



Será que a introdução de raparigas numa instituição de ensino vai ser assim tão prejudicial para o futuro das crianças e para a identidade da instituição?
A identidade de uma instituição de ensino, por mais distinta que seja, distingue-se pelo género dos seus alunos? As raparigas são menos inteligentes e menos capazes?
Mas então porquê?

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A primeira maquete como trabalhador


Apesar de ter já construído dezenas de maquetes ao longo dos últimos 6 anos da minha formação académica, esta foi a 1ª maquete como trabalhador. Não foi nem mais fácil nem mais difícil que as outras, simplesmente feita com um maior sentido de responsabilidade e detalhe. Enquanto nas maquetes elaboradas na faculdade não tinha grande problema em aldrabar ou em simplificar tanto quanto pudesse, nesta esforcei-me por cumprir todos os pormenores. Não é que seja uma maquete extraordinária (porque não o é) mas de qualquer forma, dá-me gozo olhar para o resultado final deste trabalho, sobretudo porque foi toda feita em cartão prensado que, para quem não sabe, é lixado de cortar.













(Para que não restem dúvidas :)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Manuel Fernandes

A sério que o Manuel Fernandes estava a ganhar 20 mil euros por mês como coordenador da equipa B do Sporting? Realmente algo ia muito mal naquele clube. Quando muitos treinadores da equipa principal da I Liga não ganham sequer 5 mil euros, um coordenador da equipa B ganhava 4 vezes mais.
A direcção do Sporting propôs uma redução para 1 5000 euros, valor mais que justo. Finalmente alguém está a ter a sensatez e coragem para arrumar a casa.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Esta é mais para arquitectos


3 pilares da Arquitectura definidos por Vitrúvio no século I a.C.:
 venustas (bela), utilitas (função) e firmitas (estrutura)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Diz-me onde moras - Miguel Esteves Cardoso

Afinal onde moras?

"Um dos grandes problemas da nossa sociedade é o trauma da morada. Por exemplo, há uns anos, um grande amigo meu, que morava em Sete Rios, comprou um andar em Carnaxide. Fica pertíssimo de Lisboa, é agradável, tem árvores e cafés. Só tinha um problema. Era em Carnaxide.

Nunca mais ninguém o viu.

Para quem vive em Lisboa, tinha emigrado para a Mauritânia!
Acontece o mesmo com todos os sítios acabados em - ide, como Carnide e Moscavide. Rimam com Tide e com Pide e as pessoas não lhes ligam pevide.

Um palácio com sessenta quartos em Carnide é sempre mais traumático do que umas águas-furtadas em Cascais. É a injustiça do endereço.

Está-se numa festa e as pessoas perguntam, por boa educação ou por curiosidade, onde é que vivemos. O tamanho e a arquitectura da casa não interessam. Mas morre imediatamente quem disser que mora em
Massamá, Brandoa, Cumeada, Agualva-Cacém, Abuxarda, Alformelos, Murtosa, Angeja, ou em qualquer outro sítio que soe à toponímia de Angola.
Para não falar na Cova da Piedade, na Coina, no Fogueteiro e na Cruz de Pau.
(...)
Ao ler os nomes de alguns sítios - Penedo, Magoito, Porrais, Venda das Raparigas, compreende-se porque é que Portugal não está preparado para entrar na Europa. De facto, com sítios chamados Finca Joelhos (concelho de Avis) e Deixa o Resto (Santiago do Cacém), como é que a Europa nos vai querer integrar?

Compreende-se logo que o trauma de viver na Damaia ou na Reboleira não é nada comparado com certos nomes portugueses.
Imagine-se o impacto de dizer "Eu sou da Margalha" (Gavião) no meio de um jantar.
Veja-se a cena num chá dançante em que um rapaz pergunta delicadamente "E a menina de onde é?", e a menina diz: "Eu sou da Fonte da Rata" (Espinho).
E suponhamos que, para aliviar, o senhor prossiga, perguntando "E onde mora, presentemente?", Só para ouvir dizer que a senhora habita na Herdade da Chouriça (Estremoz).

É terrível. O que não será o choque psicológico da criança que acorda, logo depois do parto, para verificar que acaba de nascer na localidade de Vergão Fundeiro? Vergão Fundeiro, que fica no concelho de Proença-a-Nova, parece o nome de uma versão transmontana do Garganta Funda.

Aliás, que se pode dizer de um país que conta não com uma Vergadela (em Braga), mas com duas, contando com a Vergadela de Santo Tirso?
Será ou não exagerado relatar a existência, no concelho de Arouca, de uma Vergadelas?

É evidente, na nossa cultura, que existe o trauma da "terra".
Ninguém é do Porto ou de Lisboa. Toda a gente é de outra terra qualquer.
Geralmente, como veremos, a nossa terra tem um nome profundamente embaraçante, daqueles que fazem apetecer mentir.

Qualquer bilhete de identidade fica comprometido pela indicação de naturalidade que reze Fonte do Bebe e Vai-te (Oliveira do Bairro).
É absolutamente impossível explicar este acidente da natureza a amigos estrangeiros ("I am from the Fountain of Drink and Go Away...").
Apresente-se no aeroporto com o cartão de desembarque a denunciá-lo como sendo originário de Filha Boa. Verá que não é bem atendido. (...)
Não há limites. Há até um lugar chamado Cabrão, no concelho de Ponte de Lima !!!

Urge proceder à renomeação de todos estes apeadeiros. Há que dar-lhes nomes civilizados e europeus, ou então parecidos com os nomes dos restaurantes giraços, tipo: Não Sei, A Mousse é Caseira, Vai Mais um Rissol. (...)

Também deve ser difícil arranjar outro país onde se possa fazer um percurso que vá da Fome Aguda à Carne Assada (Sintra) passando pelo Corte Pão e Água (Mértola), sem passar por Poriço (Vila Verde), e acabando a comprar rebuçados em Bombom do Bogadouro (Amarante), depois de ter parado para fazer um chichi em Alçaperna (Lousã).

PS. Só faltou referir o Triângulo Erótico da Bairrada (Ancas, Bustos, Mamarrosa)! E agora temos Mamoa.

Por Miguel Esteves Cardoso
(http://portugalglorioso.blogspot.pt/2013/07/diz-me-onde-moras.html)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Estrada da Revolução - Prémio Gazeta Multimédia 2012

Os jornalistas Tiago Carrasco, João Fontes e João Henriques venceram o Prémio Gazeta Multimédia 2012, com A Estrada da Revolução.
Em baixo, deixo um vídeo que representa uma pequena amostra deste trabalho. 
O link direccionar-vos-á para um texto de Tiago Carrasco que me tocou particularmente e é um breve resumo das dificuldades e obstáculos que tiveram de ultrapassar para produzir este trabalho, mesmo sendo "filhos de ninguém", apenas deles mesmos.



quinta-feira, 18 de julho de 2013

Mais um de Mesa 3 - O Agasalho



Infelizmente, existem apenas 4 vídeos deste grupo. O primeiro que já publiquei, é o mais extenso e mais engraçado. Este também é giro embora seja mais pequeno. Deixo a página no youtube para quem quiser ver os restantes.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Mesa 3

Este vídeo muito divertido e, advirto já, com bolinha, ou seja, não aconselhado a menores, ou pelo menos, a pessoas mais sensíveis à "javardice" envolvida nas conversas entre elementos do mesmo género quando o tema é SEXO... continuando, é um clip feito por dois estudantes de Aveiro que, após a gravação de áudio feita previamente, realizaram esta interessante reprodução animada com estas personagens muito bem caracterizadas e que dão muita piada à história. Gostei imenso, os meus parabéns e continuem que estou ansioso por ver mais!


terça-feira, 9 de julho de 2013

Prémio Secil 2013

Arquitecto José Neves vence Prémio Secil com escola Francisco de Arruda, em Lisboa. 

JURI: "O que sentimos é que o arquitecto deu sentido ao que já existia mas que estava até agora desgarrado. É uma obra sem alterações muito vistosas, muito sóbria e pensada para o uso diário". 
Destaca ainda “a continuidade da vegetação da Tapada através de novas plantações, de modo a enfatizar o sentido de jardim público do conjunto”

ARQUITECTO: "Apenas se destruiu ou substituiu aquilo em que se acreditou que se poderia fazer melhor. A escola faz parte da memória colectiva desta parte de Lisboa (chamam-lhe Xica), e por isso fizemos de tudo para salvar os edifícios na sua integridade original, o que é uma dificuldade enorme com os regulamentos actuais, muitos deles inadequados à nossa realidade"









segunda-feira, 8 de julho de 2013

Tabu soundtrack



Aproveito para sugerir também algumas canções da banda sonora do filme Tabu, que me deixaram com aquela melancolia saborosa e que me fizeram gostar ainda mais do filme

 

 
 



domingo, 7 de julho de 2013

Tabu

Antes de começar mais um post cinematográfico, devo dizer que não sou nem me quero assumir como nenhum expert ou crítico intelectual de cinema. Os posts que aqui vou pondo sobre cinema são apenas sugestões minhas e opiniões muito próprias e sem preciosismos, que apenas revelam o meu gosto e admiração pelos filmes em si.

Tabu, que vi recentemente, é um filme que considero maduro, com uma linha muito bem definida, daqueles filmes produzidos por quem sabe bem o que quer. Dividido em duas partes, trocadas cronologicamente, a primeira parte narra a história de uma idosa temperamental e excêntrica; Santa, a sua empregada cabo-verdiana; e Pilar, uma vizinha dedicada. Sentindo o fim a aproximar-se, Aurora faz-lhes um pedido invulgar: quer encontrar-se com Gianluca Ventura, alguém que até àquele momento ninguém sabia existir. Assim, dispostas a cumprir o desejo da velha senhora, Santa e Pilar acabam por descobrir que os dois viveram uma história de amor e crime no passado.
A segunda parte é a história desse amor vivido em África, sendo que não ouvimos a voz dos personagens, apenas a do narrador, provavelmente uma homenagem ao cinema mudo que ainda há pouco tempo voltou às luzes da ribalta com “O Artista”, que venceu o Óscar.


É um filme que, além das belas interpretações, da competente filmagem, e do seu carácter belo e poético, me cativou sobretudo pela sua carga e intensidade, sobretudo pela intensificação dos actos, expressões e movimentos das personagens quando não ouvimos as suas vozes, que nos leva a captar melhor a essência do comportamento físico que as emoções fortes, como o amor, nos provocam. No fundo, é essa a beleza do cinema mudo, que o realizador soube muito bem explorar. E não é por acaso que ganhou o prémio de melhor filme no festival de Berlim e no festival de Cartagena (se é que não ganhou mais e eu desconheço).

É incrível poder comprovar que, mesmo com todos os cortes orçamentais que o cinema e as outras artes vão sofrendo, ainda se continua a fazer tão boas coisas no nosso país e, terminando com a frase cliché: o cinema português está vivo e recomenda-se.

Ganhem Vergonha

Já chega de exploração, não tenhamos medo de denunciar estas situações vergonhosas.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Barcelona Jun'13 # onde comer bem

Uma das coisas que mais me interessa nas visitas a outros países é a sua gastronomia. Será que podemos dizer que todos os países têm boa comida? Isso não sei. O que sei é que os países mediterrânicos que visitei até agora nunca me têm desiludido e Barcelona não é excepção.

Aqui ficam algumas sugestões de óptimos sítios para comer bem em Barcelona:

1 - El Mos (Calle Comtal, 12): para uma refeição rápida e barata. Tem sandes variadas muito boas e com os melhores preços que encontrámos.




2 - Ryan's Irish Pub (Calle Ample, 20): Um pub muito simpático no Bairro Gótico, com hamburgers excelentes (e baratos)



3 - SENSI Tapas (Calle Ample, 26): Sem dúvida o melhor restaurante onde comemos. Tapas deliciosas: batatas bravas, pastel de confit de pato con patatas parmesan, raviolis artesanos rellenos de trufa con crema de parmesano, salteado de calamares con ajo y perejil, e a tradicional paella.

 Um ambiente muito agradável e acolhedor, tipo GLS.


 as batatas bravas (se pensam que comer só batatas não tem piada nenhuma, esperem até provar estas)


 o pastel de confit de pato - divinal


 os raviolis


não podia faltar a paella, deliciosa


4 - Restaurante italiano de nome desconhecido (Calle Ample, entre o nº 47 e 53): Infelizmente não fiquei nem com o nome nem com fotos, nem me aparece nada na net sobre este restaurante, o que é uma pena porque tive o prazer de comer neste pequeno tasco uma das melhores (senão a melhor) pizza dos últimos tempos. É estranho porque estive há menos de 4 meses em Itália, onde também comi excelentes pizzas, mas nenhuma me soube tão bem como esta. Se calhar a fome também ajudou.
Enfim, o restaurante é gerido por 4 napolitanos, ou seja, originários da terra da que é considerada a melhor pizza do mundo, e não foi por acaso que a minha pizza atomica estava incrível. Além disso, o preço foi uma pechincha: 8,9€ com pizza + bebida + sobremesa + café. Vale a pena procurarem-no.









Barcelona Jun'13

Após uma ausência devida a uma pequena viagem de férias, regresso precisamente com esse tema: a minha viagem a Barcelona. Não vou estar com grandes textos, apenas deixar algumas sugestões e esperar que as fotos falem por si.

É natural que já tenham ouvido falar nos mais importantes marcos da cidade, que se devem em grande parte à genialidade do arquitecto Antonio Gaudí: a Sagrada Família, o Parc Guell, as casas Batló e Milà, etc. Sendo esta a nossa primeira visita à cidade, visitámos essencialmente estes ícones mais conhecidos. Naturalmente que existem muitos outros lugares interessantes para conhecer e seria mais interessante mostrar-vos aqui, mas infelizmente, devido à curta duração da viagem, apenas conseguimos ver os mais conhecidos.

Aqui ficam as fotos.

 O lagarto mais famoso de Barcelona (Parc Guell)


Catedral de Barcelona 


 Pavilhão da Expo 1929, do arquitecto Mies van der Rohe 
(uma referência no mundo da arquitectura)


 Fundação e Museu Joan Miró


Lá pelo meio encontrámos uma parada gay. 


Brincadeiras de putos 


Casa Batló 


 Sagrada Família, vista da Casa Milà (La Pedrera)


Uma foto artística na Igreja de Santa Maria del Pi 


Mercado La Boqueria


As famosas chaminés em forma de capacete 
de armadura no topo da Casa Milà 
(mais conhecida por La Pedrera)