domingo, 7 de julho de 2013

Tabu

Antes de começar mais um post cinematográfico, devo dizer que não sou nem me quero assumir como nenhum expert ou crítico intelectual de cinema. Os posts que aqui vou pondo sobre cinema são apenas sugestões minhas e opiniões muito próprias e sem preciosismos, que apenas revelam o meu gosto e admiração pelos filmes em si.

Tabu, que vi recentemente, é um filme que considero maduro, com uma linha muito bem definida, daqueles filmes produzidos por quem sabe bem o que quer. Dividido em duas partes, trocadas cronologicamente, a primeira parte narra a história de uma idosa temperamental e excêntrica; Santa, a sua empregada cabo-verdiana; e Pilar, uma vizinha dedicada. Sentindo o fim a aproximar-se, Aurora faz-lhes um pedido invulgar: quer encontrar-se com Gianluca Ventura, alguém que até àquele momento ninguém sabia existir. Assim, dispostas a cumprir o desejo da velha senhora, Santa e Pilar acabam por descobrir que os dois viveram uma história de amor e crime no passado.
A segunda parte é a história desse amor vivido em África, sendo que não ouvimos a voz dos personagens, apenas a do narrador, provavelmente uma homenagem ao cinema mudo que ainda há pouco tempo voltou às luzes da ribalta com “O Artista”, que venceu o Óscar.


É um filme que, além das belas interpretações, da competente filmagem, e do seu carácter belo e poético, me cativou sobretudo pela sua carga e intensidade, sobretudo pela intensificação dos actos, expressões e movimentos das personagens quando não ouvimos as suas vozes, que nos leva a captar melhor a essência do comportamento físico que as emoções fortes, como o amor, nos provocam. No fundo, é essa a beleza do cinema mudo, que o realizador soube muito bem explorar. E não é por acaso que ganhou o prémio de melhor filme no festival de Berlim e no festival de Cartagena (se é que não ganhou mais e eu desconheço).

É incrível poder comprovar que, mesmo com todos os cortes orçamentais que o cinema e as outras artes vão sofrendo, ainda se continua a fazer tão boas coisas no nosso país e, terminando com a frase cliché: o cinema português está vivo e recomenda-se.

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