segunda-feira, 18 de março de 2013

Os 3 livros da minha vida


Há dias navegava no blog do Arrumadinho quando deparei com um passatempo interessante proposto por ele em parceria com a Book.it, e que consistia em seleccionar os 3 livros da minha vida. Achei um desafio muito pertinente. Não sou propriamente um leitor compulsivo, nem tenho um repertório assim tão vasto de obras lidas, no entanto, achei por bem fazer uma reflexão sobre os livros que mais me marcaram e, eis o resultado:

O Retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde
Este livro, o mais famoso de Oscar Wilde, revela o verdadeiro génio literário deste autor. Acima de tudo, aprecio a negação do óbvio, do certo, daquilo a que nos obrigaram a tomar como inquestionável. Os seus personagens mostram uma visão diferente do mundo, como refere Lord Henry a determinada altura: “sou capaz de acreditar em tudo, desde que seja perfeitamente inacreditável”. Esta obra é também uma exultação da beleza na arte, condição vital à (in)sanidade do autor, ainda que a considere perfeitamente inútil. A beleza de Dorian Gray é de tal forma exacerbada que nos faz tomá-la como a mais importante das virtudes, mais sublime que o intelecto, por não precisar de explicação. O livro é assim, um mar de ensinamentos não ortodoxos, insubordinados, contestando as verdades inquestionáveis e fomentando o pensamento liberal, autónomo e artístico.

Ensaio sobre a Cegueira – José Saramago
Sou um fã de Saramago. Esta obra é de uma crueza e intensidade tão fortes que me fez tremer ao pensar na desumanidade da humanidade face à catástrofe, neste caso da cegueira mundial idealizada pelo escritor. O filme (como quase sempre acontece para quem lê primeiro o livro) está longe da intensidade do livro. Conseguimos perceber nas suas linhas o desespero, ver a imundície, captar a barbárie e o arrepio de pensar que o Homem civilizado se pode transformar de tal forma e abandonar todos os princípios e valores com os quais cresceu e aprendeu a viver e respeitar. Escolhi este livro de entre os restantes do autor por ser o que mais me emocionou, o que mais me susteve. É incrível perceber que um livro pode ter o poder de um filme, de uma pintura, de uma fotografia, no fundo, de todas as formas de arte juntas num propósito comum de nos fazer “ver” verdadeiramente aquilo que pensamos não ser possível num conjunto de linhas.

A Sombra do Vento – Carlos Ruiz Zafón
A Sombra do Vento “absorveu-me” sofregamente. Uma escrita inteligente e complexa (embora seja essa complexidade que me fez querer entrar na história) e uma história enigmática e desafiante. O autor explora os caminhos fantásticos que os livros proporcionam, a possibilidade de sonhar com algo mais, de elevar o ser, de querer ser mais, saber mais, conhecer o mundo e a vida. A personagem principal, ao afeiçoar-se ao livro oferecido pelo pai, entra de tal forma na sua história, que a determinada altura confunde as duas realidades (a do livro e a sua). Zafón revela-nos o extraordinário poder do livro e a forma como ele pode mudar a nossa vida, transformá-la e fazer parte do nosso próprio carácter. 

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